Você sabia que os alemães-nazistas e os judeus-sionistas firmaram um acordo em 1933?

Anônimo

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O que foi o acordo Haavara?

O Acordo Haavara foi assinado em 25 de agosto de 1933, após três meses de discussões, entre a Federação Sionista da Alemanha, o Banco Anglo-Palestino e a Alemanha Nazista.

O acordo foi projetado para facilitar a emigração de judeusalemães para a Palestina. O emigrante pagava um certo montante de dinheiro a uma empresa de colonização sionista, a título de investimento, e recuperava os valores pagos na forma de exportações alemãs para a Palestina, tudo sem cobrança de impostos.

Mas como assim? Alemães nazistas e judeus sionistas colaborando entre si? 

Antes de compreender porque isso aconteceu, vamos contextualizar o que é que acontecia na Alemanha na primeira metade do século XX.

Primeira Guerra Mundial 

Durante a Primeira Guerra Mundial, o Império Alemão enfrentou uma coalizão de potências aliadas, incluindo a Grã-Bretanha, a França e, no final da guerra, os Estados Unidos.

A guerra já estava praticamente vencida pelo Império Alemão, mas por conta de os Estados Unidos terem entrado na guerra, a maré a favor dos alemães se inverteu e eles acabaram perdendo todas as batalhas.

Tropas marcham em Londres após assinatura de armistício que deu fim à guerra, em 1918 (Foto: Flickr/National Library NZ)

Mas porque raios os Estados Unidos, que era uma nação neutra em relação a o que estava acontecendo na Europa, entrou na 1ª Guerra Mundial?

Bom, foi por causa da influência dos judeus.

Declaração de Balfour

O que justificou a entrada dos Estados Unidos na 1ª Guerra, foi que a Grã-Bretanha firmou um acordo com judeus da família Rothschild, chamado de Declração Balfour.

A declaração prometia apoio à criação de um lar nacional para os judeus na Palestina em troca do apoio financeiro e da influência de trazer os EUA para a guerra ao lado dos Aliados, contra o Império Alemão.

Declaração de Balfour.
Foto de soldados americanos em material de publicidade de recrutamento.

Quem escreveu a Declaração Balfour?

A Declaração de Balfour foi co-concebida por Arthur James Balfour, então Secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, e Chaim Weizmann, um judeu e líder sionista que posteriormente veio a se tornar o primeiro presidente de Israel.

Weizmann desempenhou um papel crucial ao convencer Balfour e outros membros do governo britânico a apoiar a destruição do Império Otomano em favor da criação de um estado nacionalista para os judeus na Palestina, em troca de apoio financeiro e militar dos EUA e dos Rothschilds.

Essa declaração foi escrita por Balfour e Weizmann e posteriormente enviada a Lionel Walter Rothschild, 2º Barão Rothschild, em 2 de novembro de 1917, para ser transmitida à Federação Sionista da Grã-Bretanha.

Arthur James Balfour (no meio) com Vera e Chaim Weizmann (a esquerda), outros sionistas no Mandato Britanico da Palestina em 1925.
Lionel Walter Rothschild, que recebeu a carta da Declaração de Balfour.

A carta declarava o apoio britânico ao estabelecimento de um “lar nacional para o povo judeu” na Palestina, que na época estava sob o domínio do Império Otomano.

A Declaração de Balfour foi um marco significativo na história do sionismo e na política do Oriente Médio. 

Quando a 1ª Guerra Mundial acabou, ela foi posteriormente incorporada ao Mandato Britânico da Palestina pela Liga das Nações em 1922. 

Implicações da Declaração de Balfour, a entrada dos EUA na Guerra e a derrota alemã

A declaração também gerou revoltas, tensões e conflitos. 

Na Palestina

Os árabes da Palestina que faziam parte do Império Otomano se sentiram traídos, pois acreditavam que a Grã-Bretanha havia prometido apoio à sua independência, quando na verdade, apoiaram a criação de um outro estado dentro do território árabe: o estado de Israel.

Revolta dos Palestinos continua até os dias atuais, culpando os Britânicos por terem os enganado.

Na Alemanha

Os germânicos da Alemanha que faziam parte do Império Alemão, também se sentiram traídos, já que abrigavam diversos judeus perseguidos por pogroms russos desde a Idade Média, inclusive concedendo cidadania para a maioria desses judeus perseguidos. 

O fato que os mesmos judeus que pediram asilo no Império Alemão — como a Família Rothschild —  patrocinaram a queda desse império, levando a entrada dos EUA dentro da 1ª Guerra, o que foi considerado uma apunhalada pelas costas.

Ilustração em um postal austríaco sobre a apunhalada pelas costas (1919).

A derrota Alemã na 1ª Guerra Mundial

Para muitos alemães, especialmente após a derrota na guerra e as duras condições impostas pelo Tratado de Versalhes, alimentou sentimentos de traição e ressentimento. 

Eles viam a entrada dos EUA na guerra como um fator decisivo para sua derrota e acreditavam que interesses financeiros e políticos externos dos judeus sionistas haviam conspirado contra a Alemanha.

Esses sentimentos de ressentimento foram explorados e amplificados por Adolf Hitler, um ex-combatente da 1ª Guerra Mundial, durante o surgimento do nacional-socialismo, que usou propaganda para justificar suas políticas e ações.

Todo esse cenário de ressentimento com os judeus, somado com o fato de que a República de Weimar estava sofrendo com uma Hiper-Inflação e virou um laboratório de experimentos sociais marxistas do Instituto para Pesquisa Social da Escola de Frankfurt, levou a políticas de degeneração moral e econômica da sociedade alemã, alimentando cada vez mais um sentimento extremista contra os judeus, instrumentalizado pelo partido nazista.

Hitler chega ao poder em 1933.

Em 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler foi nomeado Chanceler da Alemanha pelo Presidente Paul von Hindenburg

Esse evento marcou um ponto de virada significativo na história da Alemanha e do mundo, levando à ascensão do regime nazista.

Assim que Hitler chegou ao poder, colocou em prática uma série de leis que visavam proteger a nação alemã da influência do comunismo, do marxismo e do judaísmo. 

A mais famosa das legislações foram os 25 pontos do Programa do Partido Nazista (clique para ler em Português), que você pode conferir abaixo:

O boicote judaico aos produtos e serviços alemães.

Em 20 de março de 1933, começou um boicote internacional aos produtos alemães, organizado principalmente por organizações judaicas e outros grupos de oposição ao nazismo. 

Esse boicote foi uma resposta aos 25 pontos do Programa do Partido Nazista, já que existiam muitos judeus vivendo dentro da Alemanha, e estavam perdendo o direito a cidadania alemã, se tornando cidadãos de segunda classe.

Em 24 de março de 1933, o jornal britânico Daily Express publicou a manchete Judea Declares War on Germany (Judeia Declara Guerra à Alemanha). Essa manchete referia-se ao boicote internacional organizado e praticado por várias organizações judaicas em resposta as leis do regime nazista. Confira abaixo:

A reação alemã ao boicote judaico

A campanha de boicote judaico foi amplamente divulgada e teve um impacto significativo contra os germânicos, aumentando as tensões, o sentimento de revanchismo na Alemanha.

Os alemães reagiram ao boicote internacional de produtos alemães organizado por judeus em março de 1933, com um boicote próprio contra negócios de judeus dentro da Alemanha.

Em 1º de abril de 1933, o regime nazista lançou um boicote nacional oficial contra empresas judaicas, marcando o início de uma série de medidas antissemitas que culminariam em perseguições ainda mais severas contra os judeus.

A solução para o aumento do anti-semitismo

Para resolver isso, em abril de 1933, o jornalista alemão-nazista Leopold von Mildenstein e o judeu-alemão sionista berlinense Kurt Tuchler partiram em uma viagem à Palestina com suas esposas.

O alemão-nazista Leopold von Mildenstein e judeu-sionista Kurt Tuchler com suas esposas, partindo para a Palestina.

O motivo dessa viagem foi a intenção do judeu-sionista Kurt Tuchler convencer o nacional-socialista Leopold von Mildenstein a construir uma “casa nacional para o povo judeu na Palestina”.

O relatório sobre a viagem à Palestina foi escrito pelo próprio Leopold von Mildenstein. Ele publicou uma série de artigos intitulada “Ein Nazi fährt nach Palästina” (Um nazista vai para a Palestina) no jornal nazista Der Angriff. A primeira edição dessa série foi publicada em 26 de tembro de 1934, que você pode conferir abaixo:

Moeda de comemoração nazi-sionista

Ein Nazi fährt nach Palästina (Uma viagem nazista à Palestina) é uma série de artigos de 12 partes do jornalista alemão e oficial júnior da SS Leopold von Mildenstein, documentando sua jornada ao Mandato Britânico da Palestina em 1933 ao lado de Kurt Tuchler, um sionista de Berlim. 

A série foi publicada em setembro e outubro de 1934 no jornal nazista Der Angriff sob o pseudônimo “Lim”, uma sigla para o sobrenome de Mildenstein ao contrário, escrito em hebraico. 

Joseph Goebbels teve as edições desse jornal impresso também no Völkische Beobachter, o jornal oficial do Partido Nazista.

A edição desse jornal foi fortemente promovida e difundida na Alemanha nazista, incluindo a distribuição de uma medalha comemorativa com uma suástica e uma Estrela de Davi aos assinantes do Der Angriff”, confira abaixo:

O Acordo de Haavara, entre nazistas e sionistas

O que foi o acordo Haavara?

O Acordo Haavara foi assinado em 25 de agosto de 1933, após três meses de discussões, entre a Federação Sionista da Alemanha, o Banco Anglo-Palestino e a Alemanha Nazista.

O acordo foi projetado para facilitar a emigração de judeusalemães para a Palestina. O emigrante pagava um certo montante de dinheiro a uma empresa de colonização sionista, a título de investimento, e recuperava os valores pagos na forma de exportações alemãs para a Palestina, tudo sem a cobrança de impostos sob essas exportações.

Conectado à Hanotea havia um judeu sionista polonês, Sam Cohen, que representou os interesses sionistas em negociação direta com os nazistas a partir de março de 1933.

Essa colaboração entre nazistas e sionistas é surpreendente. Foi uma tentativa pragmática de resolver “a questão judaica” e ajudar os judeus-alemães a escapar da perseguição do partido nazista.

O acordo foi controverso e beneficiou tanto sionistas que queriam um estado para o povo judeu, quanto nazistas que queriam um estado para o povo alemão.

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